Na maior parte das vezes a queda é natural do ciclo de vida dos fios e cabe ao dermatologista avaliar.
Mais da metade das pacientes que
procuram o consultório dermatológico se queixam espontaneamente de queda de cabelo
em algum momento da consulta. Dificilmente alguma mulher irá negar os
sintomas se questionarmos ativamente. Por que isso acontece? Estamos
todas doentes? É uma epidemia? Culpa de nossa alimentação?
Antes de mais nada é preciso esclarecer
algo que pode surpreender a maior parte dos leitores: os cabelos
caem como parte normal de seu ciclo de vida e é importante
diferenciarmos a queda normal da queda patológica. Muitas vezes as
pacientes que nos procuram acabaram de se mudar, trocaram o piso de casa
ou se casaram e passaram a se assustar com a quantidade de fios
"perdidos" por aí. Dependendo do comprimento do cabelo, essa impressão
pode ficar ainda mais acentuada!
Cabe, portanto, ao médico dermatologista
examinar o couro cabeludo em busca de alterações e realizar o exame de
tração, em que puxamos os fios em tufos, na cabeça toda, para
quantificarmos a queda e determinarmos se é uma queda normal do ciclo do
cabelo ou se é uma queda disfuncional.
A queda disfuncional é causada por doenças sistêmicas como anemia,
doenças da tireoide, distúrbios nutricionais e também pode surgir após
infecções que cursaram com febre alta, após tratamentos hormonais, após
cirurgias e após o parto,
dentre as causas mais comuns. Algumas doenças cutâneas podem levar à
queda, como a alopecia areata, mas nestes casos, além da queda, há a
presença de áreas sem pelos.
No entanto, conforme mencionamos
anteriormente, na grande maioria dos casos, trata-se apenas da queda
normal do ciclo do cabelo. E é fundamental esclarecermos como ele
funciona para evitar dúvidas e tratamentos desnecessários com shampoos e
fórmulas "milagrosos" que muitas vezes representam um gasto inútil.
O ciclo de crescimento dos cabelos
O crescimento dos cabelos é cíclico e
nem todos os fios estão na mesma fase de crescimento: se isso
acontecesse, ficaríamos carecas por alguns períodos. O fio de cabelo
cresce por um período geneticamente determinado, que dura de dois a seis
anos. Durante essa fase, chamada anágena, o fio atingirá seu
comprimento máximo. Dependendo de quanto ela dure, os seus cabelos
poderão ser mais longos ou mais curtos. Depois dessa fase há uma
interrupção no crescimento dos fios e tem início a fase catágena, que
dura poucas semanas. Finalmente o fio entra na fase telógena, em que ele
se prepara para cair, porém isso só ocorre quando um novo fio está
pronto para nascer dentro daquele folículo. Essa última fase dura cerca
de três meses.
Um adulto normal apresenta 10% dos fios
na fase telógena! Isso significa que, se considerarmos a quantidade
normal de cabelos no couro cabeludo, é absolutamente normal e dentro do
esperado uma queda de cerca de 100 fios ao dia. Mesmo quando o paciente
tem um aumento na queda, devido à presença de alguma das condições
clínicas supracitadas, precisamos orientar e esclarecer três pontos
muito importantes:
1) Mesmo em grandes volumes, essa queda não irá resultar em calvície;
2) É o problema mais benigno que pode ocorrer nos cabelos, pois uma vez eliminada a causa, o paciente recupera todos os cabelos perdidos;
3) A calvície feminina ou alopecia androgenética é outra doença que assusta a classe feminina. Ela é uma manifestação fisiológica que ocorre em indivíduos geneticamente predispostos levando à “queda dos cabelos”, que sofrem um processo de miniaturização. A herança genética pode vir do lado paterno ou materno.
Portanto, o dermatologista irá, em
primeiro lugar, realizar um exame clínico para determinar se a queda é
ou não é patológica e na sequência irá esclarecer o paciente sobre o
ciclo do cabelo, no primeiro caso, ou pedir exames complementares, no
segundo. Espero ter contribuído para ajudá-las a compreender melhor
sobre essas questões!
Fonte: Minha Vida